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Newsletter #1: a nova fase do Eixo Político
Após quatro anos de tweets, decidimos focar também em textões e em análise
🎉 Seja bem-vindo(a) à nova fase do Eixo Político! 🎉
Após quatro anos acompanhando de perto os bastidores da política brasileira e internacional, decidimos que chegou a hora de irmos além dos nossos conhecidos 240 caracteres do Twitter - e também porque a suspensão da plataforma no país nos levou a pensar fora da caixinha. Sabemos que a política e a economia são muito mais complexas e dinâmicas do que um tweet pode expressar e, por isso, estamos aqui para trazer uma newsletter que vai além: análise, bastidores e informação de qualidade para começar e terminar a sua semana bem informado(a).
Nosso objetivo é simples: ser um apoio para você, que atua ou tem interesse por temas como política nacional, internacional, além de assuntos econômicos. Vamos explorar os acontecimentos com profundidade, mas de forma acessível, e garantir que você esteja SEMPRE por dentro do que realmente importa.
Então, bora mergulhar de cabeça nessa nova fase com a gente? 😉 Nos encontramos aqui todas as segundas e sextas!
🇺🇳 Líderes mundiais se reúnem em Nova Iorque para a 79ª Assembleia Geral da ONU
Nesta terça-feira (24), começa em Nova York a 79ª Assembleia Geral da ONU (UNGA), que reúne líderes do mundo todo para discutir os principais desafios globais. O foco este ano será o combate às mudanças climáticas, à pobreza e aos conflitos armados, como as guerras na Ucrânia e em Gaza. O tema escolhido para esta sessão é “Não deixar ninguém para trás: Agindo juntos para a paz, o desenvolvimento sustentável e a dignidade humana para as gerações presentes e futuras.” Embora os líderes não sejam obrigados a falar sobre esse tema, muitos devem abordá-lo em seus discursos.
Durante o Debate Geral, o principal momento do evento, cada líder tem um limite de 15 minutos sugerido informalmente para falar, mas não são interrompidos se ultrapassarem o tempo. Uma luz vermelha pisca discretamente para avisar quando o tempo se esgota. O objetivo é que todos possam compartilhar suas visões e propostas sobre os problemas que afetam o mundo.
Uma tradição importante da Assembleia é que, desde a 10ª sessão, o Brasil sempre faz o primeiro discurso. Na 79ª sessão, o presidente Lula será o responsável por abrir o debate, com foco em temas como o desenvolvimento sustentável e a diplomacia global. O evento também ocorre em meio a tensões no Oriente Médio, com o aumento dos ataques de Israel no Líbano contra alvos do Hezbollah.
🇧🇷🇺🇳 Em Nova Iorque, Lula fala na ONU e tem agendas bilaterais e de combate ao extremismo
📸 Ricardo Stuckert / PR
Lula está em Nova York para uma agenda intensa. Nesta segunda-feira (23), ele se reúne com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Além disso, o presidente brasileiro participa de dois eventos: um na Iniciativa Global Clinton e outro em uma premiação da Fundação Bill e Melinda Gates.
Na terça-feira (24), Lula encontra o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e faz o esperado discurso de abertura do Debate Geral da 79ª Sessão da Assembleia Geral da ONU. Ele também terá uma reunião com Pedro Sánchez, líder do governo espanhol, e participa do evento "Combatendo os Extremismos", onde vai defender a democracia global e destacar iniciativas contra o avanço do extremismo pelo mundo.
Seguindo a tradição, Lula abrirá a sessão da ONU. O Brasil tem esse privilégio desde os primeiros anos da Assembleia, por ter se voluntariado quando outros países hesitavam. Outra explicação está no papel histórico do brasileiro Oswaldo Aranha, que presidiu a assembleia em 1947 e ajudou a impulsionar a criação do Estado de Israel, o que lhe rendeu reconhecimento internacional.
👀 França tem um novo governo. Mas até quando?
Neste sábado, o Palácio do Eliseu apresentou os nomes do novo governo do primeiro-ministro Michel Barnier, do partido de centro-direita Os Republicanos. Conhecido por suas posições polêmicas, como sua postura firme contra a imigração e apoio a medidas de segurança nas fronteiras, Barnier foi nomeado mais de dois meses após o segundo turno das eleições legislativas.
A chegada de Barnier ocorre em meio a uma crise política na França. A coalizão de esquerda, Nova Frente Popular (NFP), conquistou 182 cadeiras, contra 168 da coalizão macronista e 143 do Rassemblement National, de Marine Le Pen. Sem maioria, a NFP não conseguiu formar governo, o que levou Emmanuel Macron a articular um gabinete, causando revolta na esquerda e resultando na apresentação de um pedido de impeachment contra o presidente.
O governo de Barnier conta com 39 ministros, incluindo a criação de duas novas pastas: Segurança Cotidiana e Coordenação Governamental. O ministro da Segurança Cotidiana destacou que a crescente "delinquência e incivilidade" justificam a criação do cargo. Já a Coordenação Governamental será vital para manter a coesão em uma coalizão que, digamos… é bem heterogênea.
Nomeações simbólicas também marcaram o novo governo. O Ministério das Famílias foi renomeado para Ministério da Família, sinalizando uma visão mais tradicional do governo que sucede o de Gabriel Attal, o premiê mais novo da história e o primeiro abertamente gay. Além disso, o senador Bruno Retailleau (Les Républicains), que votou contra a inclusão do aborto na Constituição e contra o fim das terapias de "cura gay", assumiu o Ministério do Interior, gerando críticas da ala progressista.
Mas será que isso vai estabilizar a crise política? Macron, ao destituir a Assembleia e convocar novas eleições, assumiu a responsabilidade pelos resultados, que não foram favoráveis para ele e seu grupo. Agora, com sua popularidade em baixa e um pedido de impeachment prestes a ir para discussão, o futuro do governo parece incerto. A única saída pode ser um acordo de boa vizinhança com o partido de Marine Le Pen. Se isso vai funcionar? Saberemos nos próximos meses...
🇨🇳 China aprova aumento da idade de aposentadoria a partir de 2025
A China aumentará gradativamente a sua idade de aposentadoria pela primeira vez desde a década de 1950, à medida que o país enfrenta o envelhecimento da população e o encolhimento do orçamento previdenciário. O Congresso do país aprovou a proposta no dia 13 de setembro e a idade legal de aposentadoria passará de 50 para 55 anos para mulheres em empregos que envolvem trabalho braçal e de 55 para 58 anos para mulheres de centros urbanos. Já para os homens, a idade mínima passará de 60 para 63 anos.
Em 2022, o país registrou o seu primeiro declínio populacional em 60 anos. Essa tendência se repetiu em 2023 com uma queda de 2,08 milhões de habitantes, número bem superior ao declínio populacional de 850 mil no ano anterior. Já a população com 60 anos ou mais chegou a 296,97 milhões em 2023, cerca de 21,1% da população total chinesa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, quase um terço da população da China — cerca de 402 milhões de pessoas, mais do que toda a população dos Estados Unidos — terá mais de 60 anos até 2040; em 2019 eram 254 milhões.
Por décadas, a China proibiu os casais de terem mais de um filho. Essa foi a chamada política do filho único, que foi extinta em 2015, permitindo até dois filhos por casal, em meio ao aumento das preocupações do país com o envelhecimento da população. Em 2021, chineses foram permitidos a ter até três filhos, mas as políticas para mudar a demografia não devem ter resultados a curto prazo e só devem servir como paliativos para algo que já era claro há algum tempo: a queda populacional.
Vale a pena assistir o documentário One Child Nation, da Amazon, sobre a política do filho único da China:
🔥 As mudanças climáticas estão cada vez mais perceptíveis. Chegamos ao “ponto de não retorno”?
O Brasil vem sofrendo, nos últimos anos, com episódios climáticos cada vez mais extremos, como enchentes devastadoras, secas prolongadas e incêndios florestais. Esses eventos, além de causarem mortes, destruição e perdas econômicas, levantam a questão de se já atingimos o ponto de não retorno em termos de mudanças climáticas. Para quem não sabe, o ponto de não retorno é o estágio em que os impactos causados pelo aquecimento global se tornam irreversíveis, levando a um colapso ambiental que pode acelerar ainda mais as mudanças climáticas. Nesse cenário, ecossistemas importantes, como a Amazônia, poderiam deixar de cumprir suas funções essenciais de absorção de carbono.
Uma seca histórica tem atingido a região Norte do Brasil desde 2023. Um estudo publicado em abril na revista científica Scientific Reports destacou que a seca que afetou a Amazônia em 2023 causou a maior queda nos níveis dos rios já registrada e que teria relação direta com as mudanças climáticas. A situação em 2024 é tão alarmante que o nível dos rios está mais baixo que no ano passado. Dados desta segunda-feira (23) da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) apontam que o Rio Madeira, em Rondônia, está no menor nível da história. A cota em Porto Velho, capital do estado, é de apenas 30 centímetros.
Além da seca, incêndios florestais de grandes proporções atingiram o Brasil e outros países nas últimas semanas. Por aqui, agosto teve 5,65 milhões de hectares queimados, o que responde por quase metade (49%) da área queimada no Brasil desde janeiro deste ano. É o que mostra o mais recente levantamento do Monitor do Fogo, do MapBiomas, lançado no último dia 12 de setembro. No Peru, o governo declarou estado de emergência nas regiões atingidas por incêndios florestais na última semana. Pelo menos 16 morreram. Já em Portugal, segundo dados do sistema europeu Copernicus, a área queimada chegou a 135.000 hectares na última semana, totalizando quase 147.000 hectares durante todo o ano.
Enquanto alguns países sofrem com a seca e o fogo, outros são atingidos por fortes enchentes. Nas últimas semanas, diversas regiões da Europa Central foram atingidas por fortes chuvas causadas pela tempestade Boris. Lembram das enchentes no Rio Grande do Sul? O cenário por lá está bem parecido. Áustria, Romênia, Polônia, República Tcheca, Hungria, Eslováquia e Itália foram os principais países afetados pelas chuvas extremas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou na última sexta-feira que o bloco vai destinar 10 bilhões de euros aos países afetados. Pelo menos 24 pessoas morreram e dezenas estão desaparecidas.
🇺🇸 KAMALA X TRUMP
Faltam 43 dias para as eleições americanas! 🎉 E é claro que o Eixo Político, que surgiu durante as eleições americanas de 2020, vai estar lá e acompanhando tudo de pertinho. Mas depois eu falo disso com vocês… 👀
A corrida à Casa Branca teve várias reviravoltas nos últimos meses após a saída de Joe Biden da disputa. Kamala Harris tem visto sua intenção de voto subir tanto nacionalmente quanto em estados que, até pouco tempo, os democratas acreditavam que estavam perdidos. O principal caminho para que a vice-presidente possa ganhar a eleição é apostando nos estados-pêndulos de Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, que Biden levou em 2020. Se conseguir ganhar nesses três, além dos estados que tradicionalmente são democratas, Kamala Harris conseguirá exatamente os 270 delegados necessários para a sua vitória.
Segundo o agregador de pesquisas do site FiveThirtyEight, Kamala Harris tem, hoje, uma vantagem de 1,3 ponto percentual sobre Donald Trump no estado da Pensilvânia. Em 21 de julho, quando desistiu da disputa, Joe Biden estava 4,4 pontos atrás de Trump no estado. Em Wisconsin, Biden aparecia com 2,4 pontos atrás do ex-presidente; agora, Kamala aparece com 2,4 pontos à frente. Em Michigan aconteceu a mesma coisa: enquanto o atual presidente aparecia 2,4 pontos atrás de Trump, o cenário se inverteu com a entrada de Kamala.
Outro ponto que mudou drasticamente entre as duas campanhas foi a defesa de um novo debate. Enquanto os democratas temiam um outro debate entre Kamala e Trump, republicanos defendiam que a vice-presidente ficasse mais exposta para críticas. O cenário mudou totalmente após o debate da ABC News, realizado no dia 10 de setembro. De acordo com uma pesquisa da CNN americana, 63% dos espectadores do debate acharam que Kamala Harris se saiu melhor do que Donald Trump; 37% escolheram o ex-presidente, que já disse que não vai concorrer à Presidência em 2028 se perder neste ano. Com a atuação de Trump sendo fortemente criticada, a equipe do republicano tem evitado comentar sobre um novo debate contra a atual vice-presidente e, até o momento, ele tem se recusado a participar do confronto mediado pela CNN e que com data marcada para 23 de outubro.
O que vem por aí na semana:
++ Economia: BC divulga nesta terça (24) a ata do Copom com mais detalhes sobre os motivos que levaram a elevar a Selic em 0,25 pontos-base
++ Economia: IBGE divulga nesta quarta (25), às 9h, o IPCA-15, prévia da inflação de setembro
++ Economia: Quinta-feira (26) tem divulgação do CAGED, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, um registro do governo brasileiro que acompanha as admissões e demissões de trabalhadores formais no país.
Pesquisas para ficar de olho:
++ Atlas Intel*: Empresa divulga pesquisas de São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e Belo Horizonte nesta segunda (23); terça (24) estão aptas para serem divulgadas as pesquisas de Recife, Fortaleza, Aracaju, Natal e Salvador; quarta (25) podem divulgar as pesquisas de Campo Grande, Manaus, Cuiabá, Boa Vista e Belém; quinta (26) podem sair as de Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis.
++ Paraná Pesquisas*: Pesquisa de Fortaleza sai na segunda (23), Belém sai na quarta (25) e Palmas na quinta (26)
++ Real Time Big Data*: Segunda (23) tem as divulgações das pesquisas de São Paulo e Manaus; Rio de Janeiro sai na terça (24); Instituto divulga as pesquisas de Belém, Aracaju, Rio Branco e João Pessoa na quarta (25)
++ Quaest*: Instituto divulga pesquisa de São Paulo nesta terça (24), Fortaleza nesta quarta (25) e São Luís nesta quinta (26)
*Todas as datas são previstas a partir da data de registro das pesquisas no sistema do TSE.
Essa primeira edição da Newsletter do Eixo Político foi feita para os nossos seguidores que sempre nos apoiaram em boa parte dos projetos que fizemos nesses 4 anos. Mais do que nunca, fico no aguardo do feedback de vocês para construir esse produto que será enviado todas as segundas e sextas. 💙